quarta-feira, 29 de junho de 2016

Edifico Joelma 1974 † 01 02 1974

Incêndio no Edifício Joelma foi  ocorrido em 1 de fevereiro de 1974 em São Paulo, que provocou a morte de 191 pessoas e deixou mais de 300 feridas.


O Incêndio




Concluída sua construção, em 1972, o Edifício Joelma foi imediatamente alugado ao Banco Crefisul de Investimentos[2] . No começo de 1974 a empresa ainda terminava a transferência de seus departamentos quando, no dia 1 de fevereiro, uma chuvosa sexta-feira às 8h45 da manhã, um curto-circuito em um aparelho de ar condicionado no 12° andar deu início a um incêndio que rapidamente se espalhou pelos demais pavimentos.[1] As salas e escritórios do Joelma eram configurados por divisórias, com móveis de madeira, pisos acarpetados, cortinas de tecido e forros internos de fibra sintética, condição que contribuiu sobremaneira para o alastramento incontrolável das chamas.[3]

Quinze minutos após o curto-circuito era impossível descer as íngremes escadas que, localizadas no centro dos pavimentos, não tardaram a serem bloqueadas pelo fogo e a fumaça[2] . Os corredores, por sua vez, eram estreitos. Na ausência de uma escada de incêndio, muitas pessoas ainda conseguiram se salvar ao contrariar as normas básicas e descer pelos elevadores, mas estes também logo deixaram de funcionar, quando as chamas provocaram a pane no sistema elétrico dos aparelhos e a morte de uma ascensorista no 20° andar[3] .

Nos braços da mãe, que saltou para a morte no 15° andar, uma criança de um ano e meio foi salva em um dos episódios mais dramáticos do incêndio. A multidão acompanhou o salto bem em frente ao prédio. O choro da criança, levada imediatamente ao Hospital das Clínicas, foi ouvido logo após o impacto da queda. No último andar do prédio, segundo o depoimento de Ivã Augusto Pires, coordenador do Serviço de Transportes da Câmara, um rapaz jogou-se ao chão e aproximou-se de gatinhas da borda do terraço. Mas uma labareda fez com que ele escorregasse e ficasse suspenso no ar, segurando no parapeito até não mais aguentar e despencar na rua[4] .

Sem ter como deixar o prédio, muitos tentaram abrigar-se nos banheiros e parapeitos das janelas[3] . Outros sobreviventes concentraram-se no 25° andar que tinha saída para dois terraços[5] . Lembrando-se de um incidente similar ocorrido no Edifício Andraus, dois anos antes, em que as vítimas foram salvas por um helicóptero que pousou em um heliporto no topo do prédio, elas esperavam ser resgatadas da mesma forma.

Na rua os bombeiros tentavam agir em meio à confusão estabelecida pela Polícia Civil, curiosos, PMs, médicos, enfermeiros, soldados do Exército e até escoteiros. Homens e mulheres, alguns em trajes menores, os rostos escurecidos pela fuligem, agitavam-se freneticamente nas janelas tentando chamar a atenção. Mas os helicópteros não conseguiam pousar no terraço escaldante e seus cabos de aço pendiam inutilmente. As escadas Magirus, de 40 metros, não chegavam aos andares mais altos.

No 20° andar, seis pessoas equilibravam-se em um pequeno patamar. Quase não havia lugar para todas. Um rapaz de terno azul agarrava-se muito precariamente a uma parte saliente, uma das pernas já do lado de fora do edifício, como se fosse saltar. Embaixo, os bombeiros acenavam e pediam calma. O fogo acabou, só um pouco mais de paciência, gritava um policial por um megafone. Outros pintaram num amarelo muito vivo, sob grandes faixas de pano - O fogo já apagou! e Coragem, vamos salvá-los! O som do megafone aparentemente não chegou a eles, mas ao ver as faixas um dos rapazes fez um sinal positivo com o polegar, puxou um lenço verde e acenou.






Resgate




Corpo de Bombeiros recebeu a primeira chamada às 9h03 da manhã. Dois minutos depois, viaturas partiram de quartéis próximos, mas devido a condições adversas no trânsito só chegaram no local às 9h10, quando as chamas já atingiam o 20° andar e várias pessoas começaram a se atirar do prédio[3] .

O socorro mobilizou 1.500 homens, entre bombeiros e tropas de segurança, as equipes de cinco hospitais estaduais e outros particulares, quatorze helicópteros, trinta e nove viaturas e todas as ambulâncias da rede hospitalar. Todos os carros-pipa da Prefeitura e vários particulares, além de um grande número de voluntários que antecederam os pedidos das autoridades para doação de sangue. Afim de garantir o livre acesso de ambulâncias e de veículos dos bombeiros ao prédio incendiado, convocaram-se tropas de choque do Regimento 9 de Julho, do Exército e da Polícia Militar, além da Companhia de Operações Especiais e do Departamento do Sistema Viário. Um esquema de emergência foi armado nas imediações do prédio onde se concentraram milhares de curiosos.

Aos 250 bombeiros da capital, juntou-se o reforço de um destacamento de Santo André. Policiais Militares especializados, da Companhia de Operações Especiais (COE) também participaram do trabalho de socorro. Quando a primeira guarnição chegou, comandada pelo sargento Rufino, o fogo consumia só o centro do prédio, mas avançava rapidamente para tomar toda a estrutura. O sargento lamentou não ter podido vir de helicóptero para lançar cordas e escadas pelas laterais ainda intactas do edifício. Como estavam de carro-tanque e as escadas Magirus ainda não haviam chegado, começaram a atirar cordas para subir. O sargento conta que ao chegar ao 12° andar, sua primeira providência foi apagar três corpos em chamas. Logo que uma das quatro escadas Magirus foi instalada, organizou a descida.

Ele carregava pela escada uma menina desmaiada quando uma pessoa se jogou do 19° andar e bateu no corpo de uma outra, que também se jogara do 16°. O peso dos dois arrancou a garota de suas costas e ele só não caiu porque seu pé se enganchou num dos ferros laterais da escada. Na queda morreram dois, mas o que pulou do 19° andar se salvou com ferimentos graves. Os bombeiros usaram quatro jatos de água combatendo o fogo, mas logo de início tiveram problemas, pois os hidrantes da região estavam com defeito. A solução chegou quando a Prefeitura enviou ao local trinta caminhões-pipa. A exemplo do que ocorrera no incêndio do edifício Andraus, faltavam equipamentos, embora desta vez tenham podido usar duas novas escadas de 45 metros que foram anexadas às menores para chegar ao 16° pavimento[7] .

Enquanto um grupo de bombeiros tentava penetrar no prédio, outros procuravam salvar pessoas que se encontravam nas janelas pela parte externa com as Magirus. Um helicóptero do SAR, da FAB, fazia o resgate dos sobreviventes que se encontravam no telhado e que eram auxiliados por homens do COE e pelos tripulantes. Outros treze helicópteros do Governo e de empresas particulares não puderam aproximar-se muito, mas atiraram cordas, sacos de leite e água e tubos de oxigênio aos que se achavam no teto. Depois participaram do transporte dos feridos para os hospitais.

De acordo com o testemunho de um bombeiro, passava das dez da manhã quando os corpos começaram a cair como moscas. Todos queriam sair do edifício de qualquer maneira. Alguns chegaram a pular três andares, com o risco de despencar, para alcançar os andares inferiores onde chegavam as Magirus. O primeiro a se atirar estava no 15° andar. Durante mais de uma hora ele gritou por socorro, desesperado, as vezes encoberto pela fumaça. Pessoas apavoradas tentavam fazer cordas com tiras de pano, que acabavam arrebentando, não resistindo ao peso do corpo humano. Uma mulher, só de calcinha e sutiã, morreu assim, a cabeça esmigalhada na calçada[6] .

Os cadáveres se amontoavam na rua cobertos por cobertores, jornais e capas de chuva. Vários minutos depois, um caminhão da polícia e algumas ambulâncias recolheram os primeiros cadáveres e os levaram ao Instituto Médico Legal. No 8° andar os bombeiros encontraram pelo menos onze cadáveres abraçados. O fogo tinha praticamente soldado os corpos[6] .

No 12° andar, dezessete pessoas que o capitão Mazzelli, comandante do COE, pretendia salvar, já estavam mortas quando ele chegou. O oficial subiu com um destacamento especializado. Diante do quadro trágico, cinco mortos no banheiro e doze no saguão, o batalhão começou a sentir-se mal e teve que ser retirado pelo helicóptero. Em outra tentativa de salvamento pelo pessoal da FAB, os bombeiros não conseguiram descer no telhado, não somente pelo intenso calor, mas pelo forte cheiro de carne incinerada. Em volta do edifício a multidão rompia os cordões de isolamento e os militares precisaram muitas vezes usar da força para conter os curiosos. As operações eram orientadas pelo próprio Comandante-Geral da Polícia Militar, Coronel Teodoro Cabette, e pelo Secretário de Segurança Pública, General Sérvulo Mota Lima, que foram para a área logo que tomaram conhecimento da tragédia. Policiais e bombeiros lamentaram que muitas pessoas tenham morrido por falta de calma ao se atirarem do prédio[7] .
Apenas uma hora e meia após o início do fogo é que o primeiro bombeiro conseguiu, com a ajuda de um helicóptero do Para-Sar, o único potente o suficiente para se manter pairando no ar enquanto era feito o resgate, chegar ao telhado[2] . Já então muitos haviam perecido devido à alta temperatura no topo do prédio, que chegou a alcançar 100 graus celsius[1] . A maioria dos sobreviventes conseguiu se salvar por se abrigar sob uma telha de amianto[2] . Quinze bombeiros ficaram intoxicados pela fumaça e muitos fizeram críticas por conta do parco equipamento que dispunham, além dos regulamentos então vigentes de prevenção a incêndios na capital. O Código de Obras do Município de São Paulo, datado de 1934, não dispunha da obrigação de instalações de equipamentos contra o fogo e nem exigia a construção de escadas de emergência. Os recursos concedidos ao Corpo de Bombeiros eram insuficientes, assim como o efetivo da corporação era bastante diminuto[6] .
Por volta de 10h30 da manhã o fogo já havia consumido praticamente todo o material inflamável do prédio. O incêndio foi finalmente debelado com a ajuda de doze autobombas, três autoescadas, duas plataformas elevatórias e o apoio de dezenas de veículos de resgate[3] .
Apenas às 14h20, todos os sobreviventes haviam sido resgatados.

Sequência da tragédia



  • 8h45 - Início do incêndio no 12° andar. Um curto-circuito no ar condicionado seguido de uma explosão inicia a tragédia. Em pouco mais de 5 minutos as chamas chegariam ao 25° andar.

  • 8h49 - As chamas atingem o 13° andar. Tem início o pânico.

  • 8h55 - Os grandes rolos de fumaça são vistos em todo o centro da cidade. Correria geral. Os bombeiros são informados do incêndio pelos porteiros do Hotel Cambridge.

  • 9h - As chamas tomam conta de praticamente todo o miolo do prédio e a fumaça é geral.

  • 9h05 - No topo do edifício inúmeras pessoas se aglomeram, enquanto outras conseguem sair pelo andar térreo. As chamas continuam subindo e chegam ao 20° andar. Ao longe se ouvem as sirenes dos bombeiros e das ambulâncias.

  • 9h10 - As duas primeiras viaturas do Corpo de Bombeiros chegam quando algumas pessoas já se atiram do alto do edifício.

  • 9h15 - As primeiras ambulâncias chegam e começam a remover alguns corpos estendidos no asfalto.

  • 9h20 - Inúmeras pessoas se jogam do alto do edifício.
  • 9h25 - Chegam mais ambulâncias e viaturas do Corpo de Bombeiros. Os primeiros carros-tanque aparecem.
  • 9h35 - Chegam as unidades móveis de saúde da prefeitura. Os helicópteros da Prefeitura, do Estado, da FAB e de firmas particulares se aproximam, sendo aplaudidos pela multidão. Algumas explosões, talvez de botijões de gás, aumentam o pânico. Caem vitrais do prédio na Rua Santo Antônio. Bombeiros e policiais empurram a multidão. Algumas pessoas improvisam uma corda, com uma cortina, e descem até a escada Magirus. Do 14° andar um corpo cai na Rua Santo Antônio.
  • 9h40 - Diversas pessoas se jogam dos andares e os bombeiros lançam quatro grandes e longos jorros d'água sobre o prédio já totalmente tomado pelas chamas. Os primeiros destroços caem no asfalto, misturando-se aos corpos estendidos. O trânsito da cidade está completamente engarrafado e já pode ser calculado em torno de 500 mil o número de pessoas que se aglomeram no centro para ver o incêndio. Uma mulher que descia por uma corda improvisada, cai, escorregando de cabeça para baixo, até atingir o primeiro grupo de pessoas que trabalham no resgate e que detêm sua queda. Um estrondo no centro do edifício produz uma luz azulada. Outro corpo cai.
  • 9h45 - A confusão é total e o Corpo de Bombeiros coloca uma escada Magirus, conseguindo salvar do 13° andar pelo menos treze pessoas que descem rapidamente. Uma garota se joga do alto do edifício.
  • 9h50 - No local já se encontram o Secretário da Segurança Pública do Estado, o Comandante da Polícia Militar e o prefeito Miguel Colasuonno. Um corpo de homem cai na calçada da Avenida 9 de Julho junto às viaturas do bombeiros. A seguir, outro corpo, justamente quando três helicópteros sobrevoavam o local, tentando o salvamento.
  • 9h55 - No topo do edifício a confusão é total. A multidão implora e frases são escritas no asfalto pedindo calma, muita calma. Algumas pessoas ameaçam se jogar. Outras atiram roupas e sapatos. Alguns são vistos nas janelas dos banheiros de alguns andares à espera de socorro. Uma mulher, no 13° andar, ao lado de mais três pessoas, faz o sinal da cruz, e salta para a escada dos bombeiros que chegava apenas ao 12° andar. É salva.
  • 10h - Os bombeiros começam a retirar através de escadas alguns sobreviventes nas janelas do prédio e nos vãos dos andares. As operações de salvamento duram entre 20 e 30 minutos. Os helicópteros tentam encostar-se mais nas paredes para salvar pessoas nas janelas e no topo do edifício. Um rapaz, no 16° andar, tira as roupas e faz uma corda para chegar ao 13°. Por ela descem outras pessoas. Quando chegou sua vez, despencou para a morte. No asfalto, em letras enormes, brancas e amarelas, lê-se: "Deitem-se e esperem o salvamento".
  • 10h05 - Chegam helicópteros particulares, do Governo do Estado e da Força Aérea Brasileira que usam como base de operações o heliporto da Câmara Municipal, distante cerca de 100 metros do local da tragédia.
  • 10h10 - Um rapaz, que tinha tentado descer pela corda improvisada do 16° ao 13° andar, despenca-se por cima da Magirus, e derruba na queda mais três pessoas, inclusive um bombeiro. Todos morreram. Os bombeiros tentam levar a Magirus até o 19° andar, onde se encontram quatro pessoas. Não conseguem. Jogam água e pedem calma.
  • 10h15 - Chegam ambulâncias do INPS e de instituições particulares. Litros de leite, medicamentos e cobertores chegam também para atender aos pedidos feitos pelos médicos que assistem os feridos no heliporto da Câmara. Soros, antibióticos, seringas hipodérmicas são recebidas. Junto ao marco da Bandeira é instalado um posto ao ar livre para doadores de sangue. Centenas de pessoas formam duas grandes filas. Mais duas pessoas se atiram do alto do edifício.
  • 10h20 - Os helicópteros se movimentam rapidamente, enquanto a Praça da Bandeira é transformada num campo de feridos, sobreviventes e pessoas que são medicadas e depois levadas aos hospitais e pronto-socorros. A escada Magirus chega ao 19° andar, retirando 12 pessoas. O helicóptero da FAB transporta, pendurado num cabo, o oficial Caldas, da Polícia Militar. Não consegue resgatar ninguém, mas chega junto às janelas ocupadas por pessoas, no lado da Rua Santo Antônio, e procura encorajá-las.
  • 10h25 - Árvores são derrubadas a machadadas para permitir o pouso de helicópteros na praça. Bombeiros, com megafones, gritam para os que estão descendo pela Magirus: "Atenção! Atenção! Segurem-se bem na escada! Desçam com firmeza!" Nesse momento, com o fogo já reduzido, outro corpo cai.
  • 10h30 - Bombeiros intoxicados são recolhidos pelas ambulâncias. No 19° andar, cinco pessoas começam a se desesperar. Tentam-se atirar pela janela porque o fogo se aproxima. Bombeiros pedem calma. Surgem problemas com as mangueiras, pois muitas delas estavam furadas.
  • 10h40 - Um helicóptero pousa no prédio vizinho, o San Patrick e salva duas pessoas. A multidão aplaude.
  • 10h50 - O fogo diminui, mas ainda é intenso, principalmente no interior do edifício. Do 18° andar em diante. Os bombeiros continuam jogando água. O chão do topo do edifício arrebenta. Mais uma pessoa salta da laje.
  • 10h55 - Há muita gente ainda no 19° e no 20° andar. No 14°, um rapaz, Celso Bidinger, evita que uma moça se atire. Foram salvos pela Magirus.
  • 11h - Os bombeiros conseguem penetrar até o 11° andar. O médico, Vanderlei Peixoto, do Hospital das Clínicas, que atendia às vítimas no local, é removido para o próprio hospital, intoxicado pela fumaça.
  • 11h10 - Alguns bombeiros por cordas descem no terraço do edifício para acalmar algumas pessoas. Mas é tarde demais. Dezessete pessoas estão mortas no topo do Joelma. Um reforço de 50 homens da cavalaria é acionado para afastar a multidão.
  • 11h30 - O edifício é um imenso rolo de fumaça e já não se veem mais chamas. A preocupação maior é salvar os sobreviventes, operação que começa logo depois com os bombeiros entrando no prédio para retirar as vítimas fatais.
  • 11h35 - Bombeiros tentam retirar no 19° andar um senhor de terno marrom que estava encostado à janela, demonstrando tranquilidade.
  • 11h40 - Surgem rumores de que o edifício vai desabar. Correria geral.
  • 11h50 - Mais um carro funerário sai do local, com sete corpos. Correm rumores de que mais de 30 pessoas saltaram do prédio.
  • 11h55 - Um grupo de seis pessoas é retirado das janelas.
  • 12h00 - Continua o esforço dos bombeiros em resgatar, no 19° andar, o isolado sobrevivente.
  • 12h30 - Somente o helicóptero da FAB consegue se aproximar do prédio devido ao forte calor.
  • 12h35 - Outras sete pessoas, que ainda estavam no 19° andar, são salvas. Até agora o número de salvos é de 80.
  • 12h40 - Enquanto os corpos continuam sendo retirados, outro homem é salvo.
  • 13h - A fumaça só é intensa quando os helicópteros sobrevoam o edifício. Novos corpos saem.
  • 13h45 - Joel Correia afirma ter visto de seu escritório, localizado no 31° andar do edifício Conde Prates, na Rua Libero Badaró, 239, algumas pessoas com vida, no 21° andar do edifício.
  • 14h - Os dois últimos sobreviventes são retirados das janelas pelos bombeiros. O fogo já está sob controle e continua a operação de retirada dos corpos queimados que vai até o início da noite. Os bombeiros afirmam não haver mais ninguém com vida no prédio.
  • 14h10 - Bombeiros resgatam mais três pessoas no 21° andar, confirmando-se as declarações de Joel.
  • 14h15 - Dezessete pessoas mortas são encontradas no 12° andar.
  • 14h30 - Mais nove mortos são retirados do 15° andar.
  • 15h - Os bombeiros dão por encerrada a remoção de sobreviventes.
  • 15h45 - Os bombeiros chegam ao topo do edifício, encontrando mais de 20 mortos, na maioria carbonizados.
  • 16h45 - Um padre chega ao topo do Joelma e administra a extrema-unção. A seu lado, policiais, médicos e bombeiros iniciam a remoção e identificação dos cadáveres.
  • 17h - Os bombeiros retiram os dezessete corpos no telhado e descobrem sessenta mortos sob o telhado na ala da Rua Santo Antônio e mais trinta e cinco sob a cobertura da ala voltada para a Avenida 9 de Julho[7] . Os carros são retirados das garagens do edifício.
  • 17h30 - Carros-guincho chegam ao local para auxiliar na limpeza da área.
                                              Corpos de Vitimas do Edificio Joelma

                                         Túmulos das "Treze Almas" no Cemitério São Pedro

Video Enigma do Joelma - Programa Linha Direta

Programa Balanço Geral - sobre as 13 Almas



Consequências



A parte do edifício que compreendia os escritórios da Crefisul foi totalmente destruída, mas estava segurada na Companhia Seguradora Santa Cruz. Os sete primeiros andares, de garagens, não foram atingidos pelas chamas. Essa parte, administrada pela Joelma, formava um bloco quase isolado do restante do edifício, tendo portas de emergência e de interligação. Todos os dezessete empregados do estacionamento se salvaram.[7] . Dos aproximadamente 756 ocupantes do edifício, 191 morreram e mais de 300 ficaram feridos[1] . A grande maioria das vítimas era formada por funcionários do Banco Crefisul de Investimentos[1] .

Segundo o vice-presidente do Crefisul, Garrett Bouton, 1.016 funcionários trabalhavam no edifício. Desse total, 861 ficavam nos andares superiores à garagem e cerca de 600 já haviam chegado quando o incêndio começou. A firma de limpeza Continental tinha 77 funcionários no prédio.

Até as 18 horas do dia da tragédia 125 dos 179 mortos no incêndio do edifício Joelma já tinham sido retirados do Instituto Médico Legal depois de identificados por parentes e amigos. Restaram 54 corpos, dos quais 12 identificáveis e o restante completamente carbonizado. Em 30 horas, do meio-dia até às 18 horas, aproximadamente 8 mil pessoas foram ao local, no bairro de Pinheiros, para reconhecer os cadáveres. O ambiente era de tristeza e até os funcionários não conseguiam esconder a emoção. Cinco mulheres desmaiaram enquanto faziam a identificação. O IML comprou 200 caixões e 50 coroas de flores para facilitar a retirada dos corpos. As vítimas foram colocadas no chão de quatro salas e pela manhã já exalavam um mau cheiro que os funcionários tentaram aliviar colocando incenso. O secretário dos Serviços Municipais, engenheiro Werner Zalouf, afirmou que cerca de 30 pessoas que morreram no incêndio e permaneceram no prédio não foram identificadas. Acredito que o calor durante o incêndio tenha superado 900 graus e nessa temperatura um corpo fica totalmente destruído, restando no máximo um quilo e meio de cinzas. A água que os bombeiros jogaram pode ter transformado tudo em lama[9] .

A tragédia do Joelma, que ocorreu apenas dois anos após o incêndio do Edifício Andraus, reabriu a discussão popular com relação aos sistemas de prevenção e combate a incêndios nas metrópoles brasileiras, cujas deficiências foram evidenciadas nas duas grandes tragédias. Na ocasião, o Código de Obras do Município de São Paulo em vigor era de 1934, um tempo em que a cidade tinha 700.000 habitantes, prédios de poucos andares e não havia a quantidade de aparelhos elétricos dos anos 70[10] .

A investigação sobre as causas do acidente, concluída e encaminhada à justiça, em julho de 1974, apontava a Crefisul e a Termoclima, empresa responsável pela manutenção elétrica, como principais responsáveis pelo incêndio. Afirmava que o sistema elétrico do Joelma era precário e estava sobrecarregado. Além disso, os registros dos hidrantes do prédio estavam inexplicavelmente fechados, apesar do reservatório contar na ocasião com 29.000 litros de água[11] .

O resultado do julgamento foi divulgado a 30 de abril de 1975. Kiril Petrov, gerente-administrativo da Crefisul, foi condenado a três anos de prisão. Walfrid Georg, proprietário da Termoclima, seu funcionário, o eletricista Gilberto Araújo Nepomuceno, e os eletricistas da Crefisul, Sebastião da Silva Filho e Alvino Fernandes Martins, receberam condenações de dois anos[12] .

Após o incêndio, o prédio ficou interditado para obras por quatro anos. Com o fim das reformas, em outubro de 1978, foi rebatizado edifício Praça da Bandeira.

                                                      O Atual Edificio Praça da Bandeira 

Repercussão na mídia


                                                             Filme 23ª andar de 1979


Pouco depois da tragédia, uma pequena produtora norte-americana produziu o curta-metragem Incendio, contando as causas e consequências do fogo, utilizando técnicas de animação gráfica e imagens da cobertura da imprensa.

Em 1978, foi lançado o filme norte-americano Catastrophe, um documentário de Larry Savadove, narrado por Willian Conrad, o qual versava sobre tragédias mundiais conhecidas, entre elas, a do edifício Joelma[13] .

Em 1979, foi rodado o filme Joelma 23º Andar, baseado no livro Somos Seis, do médium Chico Xavier, no qual é narrada a história de uma moça que morreu no incêndio chamada Volquimar Carvalho dos Santos. Contudo, no filme ela era intitulada Lucimar. O papel da protagonista foi interpretado por Beth Goulart.

30 de junho de 2005, o programa Linha Direta, da Rede Globo, exibiu o quadro Linha Direta Mistério, cujo tema era o edifício Joelma[14] .

5 de julho de 2008 foi transmitida no Jornal da Record uma reportagem da série Bombeiro: Herói de Todos que relembrou o acontecimento, mostrando várias cenas e o difícil salvamento. Nessa mesma reportagem foi abordado o incêndio do Edifício Andraus, ocorrido em 1972, o desastre do Bateau Mouche, barco que afundou na Baía de Guanabara, a 31 de dezembro de 1988, além da queda de parte do Elevado Paulo de Frontin, o qual desabou sobre carros e ônibus em 1971, matando mais de 40 pessoas.






                                               Foto do Set de Filmagens do Filme  23ª Andar

                                              Foto do Set de Filmagens do Filme  23ª Andar
                                                Volquimar Carvalho dos Santos vitima real inspirada para o filme de 1979  vivida pela Atriz Beth Goulart na época com apenas 18 anos segue link do youtube para filme completo
                                               https://www.youtube.com/watch?v=26V6mzQ2oKs
                                       O Antigo Joelma hoje é um dos prédios mais seguros de SP